Precisamos falar sobre a problematização na maternidade

“Quanto mimimi!  Por que problematizar tanto? Que frescura, minha mãe fez tal coisa comigo e eu não morri por causa disso. #mddcqgcdc”

Esses são alguns comentários que aparecem no site, quando a gente toca em algumas questões polêmicas. A problematização na maternidade gera desconforto. Muita pessoas não querem nem ouvir quem pensa diferente delas e já chegam armadas para a batalha, desqualificando o ponto de vista do outro – na maioria das vezes de forma grosseira (e antes mesmo de ler o texto e nossos argumentos).

Entendemos que falar de maternidade é um assunto sensível e deve ser tratado com delicadeza. Nem sempre é fácil refletir e pensar que talvez a gente não tenha agido da melhor maneira em certos momentos. Existe alguma coisa mais difícil do que perceber que falhamos com os nossos filhos? É doloroso. Mas a gente falha, e muito. Descobrimos aos trancos e barrancos que nem sempre dá para botar em prática nossos ideais de maternidade. E tudo bem mudar de ideia.

Nesses cinco anos de Mundo Ovo, a gente sempre procurou acolher todas as mães. A gente não julga a sua cesárea, mamadeira, chupeta, a sua babá ou se você furou a orelha da sua menina com dias de nascida. Mas a gente sempre vai fazer questão de pesquisar para trazer informação de qualidade para vocês. Pois é muito diferente fazer uma escolha consciente, sabendo quais são suas opções e as consequências delas, do que simplesmente decidir porque disseram que é assim e pronto. Porque você simplesmente nem sabia que o cordão umbilical enrolado no pescoço não era sinônimo de cesárea. Informação é poder!

Além de textos informativos, também adoramos escrever textão refletindo sobre coisas aparentemente simples. Ajuda a gente a pensar melhor, deixar nossas ideias mais claras e até a encontrar soluções. E vários comentários das nossas leitoras, inclusive os com opiniões diferentes, ajudam a gente nesse processo. Essa troca pode ser muito rica.

Mas é importante deixar claro que não julgar não significa que não vamos nos posicionar. Temos nossas opiniões e vamos expressá-las!

Como produtoras de conteúdo é nosso papel ir além!

Hoje o time Mundo Ovo é composto pela Camila, mãe da Victoria de 7 anos, pela Mariana, mãe do Tom de 11 anos e pela Nina, grávida do Martin. Nas nossas reuniões de pauta a Camila pergunta pra Mari como ela lidou com o comportamento do Tom na fase XYZ. A Nina pede que a Camila escreva sobre determinadas questões. Ela lê os posts antigos e manda mensagens “puxa, fiquei tão mais calma, agora”.

A maternidade é uma troca. A gente debate e discorda, mas não julga. Temos idades diferentes, vidas diferentes, backgrounds diferentes. Temos princípios de vida por vezes distintos, mas a gente se respeita. Mesmo a Mariana dizendo não, mesmo a Camila xingando palavrão, mesmo a Nina sem entender bem como funciona ser mãe só por que o barrigão dela de 32 semanas ainda está aí, gestando.

E todas nós já passamos por situações extremamente desagradáveis aqui no Mundo Ovo. A Mariana recebeu reações violentas de mães em diversos canais por que ela contou que na casa dela não tinha essa coisa de fada do dente (sim, ela chorou e a Camila mandou ela sair do computador).

A Camila escreveu sobre como achava que ser mãe não era emprego e recebeu, além de todo tipo de impropério, um post resposta de uma blogueira, super grosseira, ironizando as “blogueiras famosas” (sim, ela teve que respirar fundo pra não xingar mais palavrão). Oras, gente, famosa quem, né?

 

Precisamos falar sobre a problematização na maternidade

 

Mas afinal, por que uma opinião diferente da sua ofende tanto?

Porque é só isso, uma opinião. Não estamos dizendo o que você precisa fazer, não estamos te obrigando a mudar de opinião. Muito menos estamos dizendo que você é uma porcaria de mãe por que não partilha do mesmo credo. Então por que xingar a gente ao invés de debater? Por que não argumentar? Por que não aproveitar a ocasião para rever algumas verdades tão enraizadas que você não permite nem mesmo questioná-las?

Tudo o que as pessoas que escrevem conteúdo querem é gerar reflexão. É fazer você pensar, refletir. Ampliar os horizontes, entender que existem dois lados da mesma moeda. Você pode ou não achar Montessori o máximo. Você pode deixar seu filho brincar de boneca mesmo que seu pai ache um absurdo. Você pode deixar de furar a orelha da sua menina com dias e deixar ela escolher o momento certo para isso. E tudo bem se na sua casa vocês não cultuam Papai Noel.

As pessoas merecem respeito. O suposto anonimato da Internet fez com que as pessoas se tornassem tão polarizadas a ponto de acharem que quem não pensa como eles está contra eles. A gente já precisa aguentar tanta violência no mundo real que não é possível que a gente precise destilar ironia, veneno, julgamento e grosserias contra outras mães.

Li ontem uma pessoa que escreveu: Ser mulher é uma afronta. A gente luta por igualdade e se protege diariamente contra o estupro, contra o abuso, contra o feminicídio. Por que a mulher precisa ainda ser cruel contra outra mulher? Só por que ela não quer que as pessoas chamem o filho dela de príncipe? O que você tem a ver com isso? Chama o seu, ela não está te impedindo.

O Mundo Ovo está em uma fase mais questionadora

Simplesmente por que suas fundadoras estão vivendo momentos em suas vidas que pedem reflexão. E o mundo também. É nosso papel como mãe ter uma mente aberta para entender que a geração de nossos filhos será mais questionadora sim. Basta ver a quantidade de informação a qual eles são submetidos diariamente e de forma bem mais descentralizada. E é nossa obrigação acompanhar para sermos melhores pais.

Nosso objetivo não é “mimimi”. Queremos apenas pensar e fazer você pensar junto. E você pode discordar da gente o quanto quiser, mas é obrigatório respeito. Porque tenho certeza que você também exige respeito na sua casa.

 

 

Imagens: shutterstock

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