João é meu primeiro filho. Deve chegar no final do mês de abril, quando completo 40 semanas de gestação. Nunca fui muito neurótica com o parto, sempre pensei que, na hora do nascimento, o melhor aconteceria. Pra mim, parto normal ou cesárea, são consequências de um histórico, de uma evolução, de um processo, que para algumas pessoas acontece de um jeito e para outras, de outro.
Confio muito no meu médico, e se ele disser que para o João nascer bem eu tenho que plantar bananeira na Avenida Paulista, lá estarei eu. Firme e forte. Já conversamos sobre o parto, e vamos esperar o normal. Mas se alguma coisa acontecer, encaro a cesárea de boa. Sem medo, sem estresse.
Acho que muitas mães se frustram com isso… pensam somente em uma das opções e esquecem das surpresas que podem acontecer. Por isso, eu não penso em nada. Quando me perguntam o que eu vou querer, respondo: o que for melhor pra nós dois no momento.
Uma amiga minha, colega de trabalho, está gravidona de 9 meses, e o Santiago deve chegar a qualquer momento. O parto pra ela sempre teve somente uma opção, e ela nunca cogitou a hipótese de entrar em um hospital para dar a luz. Esse é seu segundo filho, e com ele vai acontecer do mesmo jeito: parto natural. O Frederico, primeiro filho da Simone, nasceu numa casa de parto. Já o Santiago vai nascer na casa dela. A Simone me explicou o que é parto natural, e as vantagens dele. Para ela, ter o bebê em casa é o melhor para todos, e a família cria um vínculo muito mais forte com o novo membro.
Fui com ela na consulta com sua parteira, a Vilma. Sim! Parteira! O parto é natural, lembra?
A Vilma é uma senhora japonesa que deve ter mais de 20 anos de experiência. Faz partos em casa há não sei quanto tempo, e tem um astral ótimo. Foram quase duas horas de conversa, explicações, massagens e exame. Achei muito interessante, um papo ótimo e esclarecedor. É bacana ver como a Simone se encontrou ali, como aquela mulher passou uma tranquilidade enorme para a hora do parto, e que experiência de vida a Vilma tem. É legal também ouvir a Vilma falar que se for preciso (mas Deus queira que não!), a Simone terá que ir para um hospital. A hipótese é remota, mas não pode ser totalmente descartada. Surpresas podem acontecer, não é mesmo?
Saí de lá animada, feliz, e entendi um pouco mais sobre esse momento tão especial. Pela primeira vez pensei no meu momento, naquela hora tão esperada da chegada. Fiquei ainda mais tranquila e mais certa de que nada posso escolher, e que o melhor para nós dois será o caminho certo para o início das nossas vidas: de um bebê que chega ao mundo e de uma mãe que vem junto com ele.
P.S.: Um dia depois de ter escrito este texto, o Santiago nasceu! Lindo e saudável, em casa, de parto natural, assim como a Simone queria. Correu tudo bem, e o pequeno chegou ao mundo rodeado de amor. O mais curioso foi que ele nasceu dentro da placenta! Isso mesmo! A bolsa não estourou e o Santiago nasceu dentro dela. O pai disse que foi a coisa mais impressionante que já viu na vida. Esse é um tipo raríssimo de parto, acontece em 1 a cada 80 mil nascimentos, e se chama “parto empelicado”. O bebê continua respirando mesmo estando fora do barriga da mãe, pois o cordão umbilical cumpre essa função. Depois do nascimento, a parteira abriu a bolsa, cortou o cordão e o Santiago respirou normalmente. Não é incrível?
*Para saber mais sobre parto natural, assista o documentário: “O renascimento do parto“, dirigido por Eduardo Chauvet.
Crédito da imagem: flequi
5 Comentários
oi querida amei sua materia e ja tive os dois partos e sou da mesma opinião que vc o melhor parto é o que for melhor na hora pra vc e para o bebe saude a vcs saudades bjkas
Renata, que bela reflexão!
O parto precisa ser saudável física e emocionalmente. Devemos buscar informações sobre os tipos, afinal, surpresas acontecem. Podemos até eleger um preferido, se assim nos convier, mas aceitar de coração aberto caso ele não se mostre indicado no momento. Creio que o prejuízo está na histeria e na intransigência de uma escolha baseada em expectativas.
Desejo que tudo corra bem com vocês na chegada do João!
Oi, Renata. Concordo contigo, num momento tão especial da nossa vida, não vale a pena ficar brigando contra o que se apresenta diante de nós. Pensava exatamente como tu quanto estava grávida e dei muita sorte. A minha filha, que deveria nascer no final de abril de 2012, nasceu duas semanas antes num parto normal rápido e emocionante. Foi o máximo.
Agora… se eu engravidar novamente, de novo não vou estressar com a possibilidade de uma cesárea, mas vou fazer um movimento bem grande para permitir que o Parto Normal aconteça naturalmente, porque sei que contei demais com a sorte da primeira vez 🙂
Se tiveres interesse, eis meu relato de parto: http://goo.gl/7JJ5hp
É, meu primeiro filho se chama João tb. Sabe, parece tão óbvio que escolhendo um médico em que confiamos e deixando na mão dele estaremos seguras. Pena que não é exatamente assim que acontece. Hj, no Brasil, querer não é suficiente. A coisa é bastante complexa e tem muito o que estudar sim. Mas de fato, mulher de classe média, principalmente se tiver plano de saúde, tem mais de 85% de chance de ter cesariana. Por que será, né? Afinal, ricas ou pobres, brancas ou pretas, somos todas humanas e iguais… E o parto? basta dividir entre normal e cesárea? não, existem milhares de nuances entre os extremos. Sabia que tem médico obstetra que assiste parto natural inclusive dentro de hospital? A questão é saber o que é o parto em si, como ele ocorre, quais as intervenções comuns e ter noção de que, a maioria delas não é indicada para todos os casos como ocorre, e que, assim como a cesariana, uma cirurgia maravilhosa que salva milhares de vidas, todas as intervenções e iatrogenias, quando mal aplicadas, apenas colocam mãe e bebê em risco. Conhece as recomendações de assistencia ao parto da OMS? Já me extendi demais, vou ficando por aqui. Se quiseres ler um pouco mais, tem uns textos no meu blog (coincidentemente o ultimo deles fala sobre o rompimento da bolsa de líquido). Um beijinho e que teu parto seja o melhor.
Valeu, meninas!!!
Bjocas