O objeto de transição mais conhecido, sem sombra de dúvidas é o cobertor azul do Linus, personagem da turma do Snoopy. O episódio em que ele perde o cobertor ainda é vivo em minha mente. E é bem parecido com a história da minha irmã, que levava seu travesseiro para onde quer que fosse.
Um objeto de transição é um objeto que a criança escolhe ainda no primeiro ano de vida, geralmente após o quarto mês. Quando nos momentos de solidão, insegurança, medo ou tristeza precisa de consolo e conforto. Pode ser um bichinho de pelúcia, uma naninha, um paninho ou até mesmo um cobertor. Você vai ter certeza do que é pois o seu filhote não vai querer largar dele por nada nesse mundo e sem dúvida ele será o mais novo integrante da família.
Os pediatras e psicólogos são categóricos em afirmar que o objeto de transição faz parte do processo de construção da independência. O bebê passa a perceber que ele e a mãe não são um ser único. E dessa percepção pode surgir a necessidade em suprir a falta que a mãe faz, porque nem sempre poderá estar presente para atender às suas necessidades.
Uma pesquisa feita em 2008 pelas universidades de Yale (EUA) e Bristol (Inglaterra) com crianças de três a seis anos, concluiu que o objeto de transição é muito mais do que um instrumento que oferece a sensação de segurança, eles fazem um ligação mais profunda que só as crianças são capazes de compreender.
A minha experiência
Adam sempre teve e ainda tem dificuldade em ficar sozinho e é claro que se acontecia durante o dia, na hora de dormir não era diferente. Começamos com as tais naninhas e ele tinha três (vaca, coruja e girafa) porque Deus me livre perder um único objeto de transição, né? Sei de histórias em que o tal objeto único é remendado e vira quase um Frankenstein de tanto ponto.
Sim, eu achava que ele escolheria um objeto e pronto. Mas desde o início estimulei um rodízio e deu certo, e conforme ele foi crescendo, esse objeto também foi amadurecendo.
O que eu percebi:
- A hora de dormir é o momento onde a criança sente mesmo que precisa desse apoio, mas que nem toda criança precisa ter um objeto de transição. Eu insisti porque achei que diminuiu e muito a ansiedade dele e também a minha nesses momentos de ausência.
- Meu filho até hoje conta histórias e cuida com carinho dos seus objetos. Ano passado doou sua última naninha para a prima que havia acabado de nascer. Essa é uma memória afetiva incrível e só demonstra o quanto do emocional o objeto de transição é capaz de tocar.
- Lavar ou não lavar, eis a questão! Eu sempre lavei as naninhas, mas sei que para algumas crianças o cheiro da mãe ou manuseio constante é algo importante. Aqui em casa como eram três, as outras duas moravam na minha fronha para pegar um pouco do meu cheiro.
- Sei que a escolha final é da criança, mas se o seu filho se apegar a algum objeto de transição, tenha mais de um (mesmo que seja um igual ao outro) e faça rodízio entre eles. Isso é bom também para o caso de deixar na casa da avó ou perder.
Existe hora certa para abandonar o objeto de transição?
- Quando o Adam entrou para a escola achei que a naninha poderia ser um problema. Os professores foram bem receptivos e acharam de grande ajuda na adaptação. Aos poucos ele foi deixando de lado e não precisou mais levar.
- Não existe uma hora certa para o seu filho “abandonar” o objeto de transição. Por aqui ele foi mudando com o tempo. Já tivemos um canguru de pelúcia e também um super herói. Tem dias que ele nem lembra que precisa, e em outros faz questão. Cada criança tem o seu tempo emocional e não cronológico. Só é importante que os pais estejam atentos para intervir, caso o hábito seja incompatível ou prejudique o convívio social do seu filho.
- Nunca, em hipótese alguma use o objeto de transição como uma forma de diminuir o seu pequeno. Tipo falar: “isso é coisa de bebezinho…” Não jogue fora, não ameace dar e nem o utilize como moeda de troca.
O cobertor perdido
Por fim, fica aqui o episódio (são 6 minutinhos) que falei lá no primeiro parágrafo. Sim eles vão ter que enfrentar o mundo real sem a ajuda de um cobertor que seja, mas precisam estar preparados para tal, pois quando o fizerem vai ser para valer.
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